Da Vila Belmiro ao Maracanã, Ganso e Alan Patrick continuam a honrar a tradição da camisa 10

Os camisas 10 se tornaram uma raridade no futebol brasileiro nos últimos anos, tornando-os motivo de celebração para aqueles que têm a sorte de tê-los em suas equipes. Este é o caso de Fluminense e Internacional, que se enfrentam nas semifinais da Conmebol Libertadores. Nascidos na mesma “fornalha”, Paulo Henrique Ganso e Alan Patrick são duas das principais atrações do confronto desta quarta-feira no Maracanã, ambos buscando o bicampeonato do torneio continental, mas agora em lados opostos.

Ganso e Alan Patrick são contemporâneos e compartilharam o mesmo período no Santos, entre 2009 e 2011, onde conquistaram a Copa do Brasil e a Libertadores. No entanto, estiveram juntos em campo em apenas cinco ocasiões. Dado que ocupam a mesma posição, frequentemente competiam por uma vaga no time titular. Ganso, sendo um ano mais velho (com 33 anos contra 32 de Alan Patrick), se destacou e serviu como uma inspiração para o jogador do Internacional.

Somos da mesma geração. Aquele período de 2009 e 2010 foi quando surgiu aquela geração de jogadores. (Ganso é) um camisa 10 clássico. Extremamente inteligente. Não há dúvidas de sua habilidade com a bola nos pés. Eu o admiro muito, sempre admirei. Tive a oportunidade de jogar ao lado dele”, afirmou Alan Patrick em uma entrevista recente ao portal ge.
Alan Patrick e Ganso são jogadores consolidados e reconhecidos por sua técnica refinada, mas a carreira de Alan Patrick levou mais tempo para decolar, principalmente devido ao brilho de Ganso. O jogador que atualmente atua sob o comando de Fernando Diniz conquistou tanto torcedores quanto críticos, dividindo os holofotes com Neymar no início de sua carreira.

Ele era visto como o camisa 10 que lideraria a Seleção Brasileira e, em algumas ocasiões, até considerado melhor do que o astro Neymar, que agora joga no Al Hilal. A oportunidade para Alan Patrick se destacar surgia quando Ganso enfrentava um dos principais adversários de sua carreira: as lesões.

Os problemas de lesões impediram que Ganso se estabelecesse na Seleção Brasileira e trilhasse uma carreira de sucesso na Europa, ao contrário de Neymar e até mesmo Alan Patrick. O camisa 10 do Fluminense passou três anos na Espanha e na França, defendendo Sevilla e Amiens, mas sem conseguir se destacar.

Por outro lado, o capitão do Internacional atuou pelo Shakhtar Donetsk de 2011 até o ano passado, com uma breve passagem pelo Colorado, Palmeiras e Flamengo entre 2013 e 2016. Durante seu tempo no clube ucraniano, ele conquistou inúmeras taças, incluindo seis campeonatos nacionais, cinco taças da Ucrânia e duas Supertaças.

Curiosamente, embora ambos mantenham viva a tradição da camisa 10, não desempenham papéis específicos na faixa central do campo como meias clássicos. Ganso forma uma dupla com André no setor de criação do time ofensivo de Fernando Diniz. Ele não hesita em voltar para buscar a bola e orquestrar as jogadas.

Já Alan Patrick, após a chegada de Eduardo Coudet ao Beira-Rio, foi posicionado mais adiante. Ele forma uma dupla de ataque com Enner Valencia, embora, como seu ex-companheiro no Fluminense, também tenha a liberdade de recuar e participar da construção das jogadas.